Sermão Reformado: A Iniciativa Divina na Salvação.
Textos base:
- João 1:13, 3:8
- Efésios 2:5
- João 6:44
- João 15:16
- 1 João 4:19
Introdução
Vivemos em uma era onde a autonomia humana é frequentemente exaltada, inclusive na esfera espiritual. Contudo, a perspectiva bíblica, especialmente a reformada, nos lembra que a iniciativa da salvação pertence inteiramente a Deus. Nossa capacidade de viver espiritualmente, de escolher e amar a Deus, não é fruto de nossa própria força, mas da obra soberana e graciosa de Deus em nós.
1. O Novo Nascimento: Uma Obra do Espírito Santo (João 1:13; 3:8)
- João 1:13 nos diz que não nascemos "de sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus". Isso aponta para uma origem divina, não humana. Jesus explica a Nicodemos que é o Espírito quem vivifica, e que ninguém pode ver o Reino de Deus sem nascer de novo (João 3:8). O vento sopra onde quer, e assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
Implicação: O novo nascimento não é uma decisão nossa, mas uma obra regeneradora do Espírito Santo em nosso coração, que nos capacita a vir a Deus. Vivificados com Cristo: Da Morte Espiritual à Vida (Efésios 2:5)
Paulo afirma que, quando estávamos mortos em nossos delitos, Deus, "sendo rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, estando nós mortos em pecados, nos vivificou juntamente com Cristo". Implicação: Antes da intervenção divina, estamos espiritualmente mortos. É Deus quem nos traz à vida espiritual, ressuscitando-nos juntamente com Cristo. Não podemos nos levantar sozinhos.
A Vinda a Cristo: Uma Atração Divina (João 6:44) Jesus declara explicitamente: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer". Isso significa que nossa capacidade de "vir" a Cristo, de crer Nele, é resultado da atração e do chamado irresistível do Pai. Implicação: A fé salvadora não é um ato de livre-arbítrio independente de Deus; é uma resposta à iniciativa divina que nos atrai a Cristo.
4. A Escolha: A Eleição Soberana de Deus (João 15:16) Jesus diz aos seus discípulos: "Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós". Essa escolha divina precede e possibilita a nossa escolha de segui-lo. Implicação: Deus nos elegeu antes da fundação do mundo, não com base em alguma presciência de nossa fé, mas por Seu puro amor e propósito soberano.
O Amor: A Resposta ao Amor Divino (1 João 4:19) O apóstolo João nos lembra: "Nós o amamos porque ele primeiro nos amou". Nosso amor por Deus não é o ponto de partida, mas a resposta ao amor que Ele primeiro derramou em nossos corações.
Implicação: A capacidade de amar a Deus, de desejar Sua presença e Sua vontade, é um fruto do amor que Ele nos demonstrou primeiro, através de Jesus Cristo.
A Revelação Divina aos Simples de Coração
Texto base: Mateus 11:25-27
Introdução
Em Mateus 11:25, Jesus expressa profunda gratidão ao Pai porque Ele "escondeu estas coisas dos sábios e entendidos e as revelou aos pequeninos". Essa declaração nos leva a refletir sobre quem são esses "pequeninos" e como eles se beneficiam da revelação de Deus, em contraste com os que se consideram sábios. Quem são os "Pequeninos" (Mateus 11:25)?Jesus se refere àqueles que são simples de coração, humildes, e receptivos à verdade divina, em oposição aos que confiam em sua própria sabedoria e entendimento. Esses "pequeninos" não são necessariamente os ignorantes ou os sem instrução formal, mas aqueles que reconhecem sua dependência de Deus e estão abertos para aprender Dele. São os que não se apegam à autossuficiência intelectual ou religiosa.
Benefício da Revelação Divina (Mateus 11:25) 2. O O benefício principal é a revelação das coisas divinas. Jesus agradece ao Pai por ter revelado "estas coisas" (referindo-se à verdade sobre o Reino de Deus, Sua própria identidade e missão) aos humildes. Enquanto os sábios e entendidos do mundo podem não reconhecer Jesus e Seu evangelho, os pequeninos recebem a iluminação do Espírito Santo. Implicação: A verdadeira sabedoria e o conhecimento de Deus não vêm da capacidade humana, mas da graça de Deus que se revela aos que têm um coração receptivo.
Autoridade de Cristo e a Provisão do Pai (Mateus 11:26-27) Jesus continua afirmando: "Sim, ó Pai, porque assim te aprouve". Isso reforça a soberania de Deus na revelação. A decisão de quem recebe a revelação é Dele. O versículo 27 é crucial: "Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar." Implicação: A revelação de Deus é mediada por Cristo. Somente através de Jesus, que tem toda a autoridade, é que podemos conhecer verdadeiramente o Pai. E Ele escolhe revelar o Pai aos que Ele deseja.
Conclusão
Os beneficiados com a revelação de Deus, conforme Mateus 11:25, são aqueles que, em sua humildade, reconhecem sua necessidade e se abrem para a verdade divina. São os que não confiam em sua própria inteligência para compreender os mistérios do Reino, mas dependem da graça soberana de Deus para serem iluminados através de Jesus Cristo. Que possamos sempre nos apresentar diante de Deus com um coração de "pequenino", buscando a sabedoria que vem do Alto. (Evangelista Valdir Davalos).

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