Para entendermos a maneira como o inferno glorifica
a Deus, precisamos ver o inferno à luz da grande história da Bíblia, do seu
ponto de vista e da sua caracterização de Deus e do homem.
A Grande História da Bíblia
A história da Bíblia, como todas as histórias, tem
um começo, um meio e um fim.
O começo
Deus cria um lugar perfeito e coloca nele um homem
e uma mulher inocentes. Deus estabelece os termos e afirma, com clareza, a
consequência de transgredirem seus termos. Um inimigo mente para a mulher
inocente. Ela acredita na mentira, quebra os termos de Deus, e o homem a
acompanha no pecado. Deus amaldiçoa o inimigo e dá início às consequências da
transgressão, amaldiçoando também a terra. Na maldição lançada sobre o inimigo,
Deus afirma que o descendente da mulher ferirá a cabeça do inimigo, enquanto o
inimigo ferirá o calcanhar do descendente. O homem e a mulher são banidos do
lugar perfeito.
Meio
A humanidade foi dividida em dois grupos: a
descendência da mulher e a descendência da serpente, os justos e os ímpios. Os
descendentes da mulher são inicialmente um subconjunto da nação de Israel, uma
linhagem de descendentes que Deus escolheu abençoar. Eles experimentam um
refazer do começo da história. Deus os coloca em uma terra prometida e
estabelece os termos. Eles quebram os termos e são banidos dessa terra, mas
Deus continua a prometer que o inimigo será derrotado, ainda que isso tenha que
acontecer por meio de um doloroso derramamento de sangue do descendente da
mulher.
Então, Jesus vem como o descendente prometido da
mulher. Ele esmaga a cabeça do inimigo, e o inimigo fere o seu calcanhar –
Jesus morre na cruz. Por ser ele inocente e haver resistido a todas as
tentações, a morte não pode retê-lo. Jesus vence triunfantemente a morte,
satisfazendo a justiça de Deus contra o pecado e abrindo o caminho de salvação
para todos os que crerão nele.
Fim
A criação será como uma mulher que sofre dores em
trabalho de parto: os ímpios atacarão perversamente os justos, que confiam em Deus
e dão testemunho da verdade de Deus, até serem mortos. Isto continuará até que
Jesus venha de novo. Quando Jesus vier de novo, julgará os ímpios e os enviará
à punição eterna. Ele levará aqueles que creram na Palavra de Deus e no
testemunho de Jesus para um novo lugar perfeito.
A Bíblia nos Dá o Ponto de Vista de Deus...
Esta história não é simplesmente uma história; ela
apresenta o ponto de vista de Deus sobre o mundo. Pense comigo no ponto de
vista da Bíblia, a perspectiva dos autores bíblicos.
O ponto de vista deles é que Deus estabelece os
termos e que Deus sempre está certo. Aqueles que rejeitam os termos de Deus
estão errados e enfrentam as consequências que Deus afirmou quando estabeleceu
os termos. Além disso, a Bíblia não somente representa o ponto de vista dos
autores bíblicos, mas também reivindica falar por Deus. Ou seja, a Bíblia
reivindica apresentar o ponto de vista de Deus sobre o assunto.
...Sobre Deus, o Homem e o Nosso Estado Diante de
Deus
Como são apresentados os personagens na Bíblia?
Eles são apresentados principalmente por suas palavras e ações, mas a Bíblia
também avalia seus personagens. Pensemos brevemente como a Bíblia caracteriza
Deus, os homens e Jesus.
A Bíblia ensina que Deus sempre faz e diz o que é
correto. Ele sempre cumpre a sua Palavra. Nada pode frustrar o seu propósito.
Deus é livre e bom. A Bíblia sempre justifica a Deus. Ou seja, a Bíblia sempre
mostra que Deus é justo. Paradoxalmente, a Bíblia também mostra que Deus é
misericordioso.
Por outro lado, todos os homens fazem e dizem o que
é errado, o que revela falta de confiança em Deus. Por palavras e atos, os
humanos transgridem os mandamentos de Deus. Os homens corromperam a boa criação
de Deus, perverteram seus ótimos dons e, de toda maneira, têm atacado a Deus, que
lhes dá vida e todas as coisas boas. Por isso, todos os humanos merecem
condenação.
Como afirmamos antes, há dois grupos de humanos. Um
grupo é caracterizado por confiar em Deus, concordar com seus termos, confessar
que têm quebrado os termos, abandonar suas transgressões e procurar crer nas
promessas de Deus, de modo que possam viver de acordo com os seus termos. O
outro grupo rejeita Deus e seus termos, se recusa a admitir sua culpa, se
recusa a abandonar o mal e se une ao inimigo.
Jesus mostrou por suas palavras e atos que era
plenamente humano e plenamente Deus. Jesus nunca transgrediu os mandamentos de
Deus. Ele resolveu o grave problema. Jesus se deu em favor de outros. Qualquer
que se opõe a ele ou o rejeita está se opondo à bondade e ao amor e rejeitando-os.
Qualquer que se opõe a ele e o rejeita merece condenação. Aqueles que o recebem
e se unem a ele, fazem isso nos termos dele, que são os termos de Deus e
envolvem confissão de pecado, arrependimento e confiança em Jesus.
Então, Como o Inferno Glorifica a Deus?
Como tudo isto nos ajuda a entender como o inferno
glorifica a Deus?
Este mundo é a história de Deus. Ele falou e o
trouxe à existência, e o mundo continua a existir porque Deus continua falando.
O universo é sustentado pela palavra do poder de Deus. É a sua história. Ele é
o Autor cujo ponto de vista é comunicado na Bíblia e cujas caracterizações
definem os participantes no drama.
O inferno é um ato de Deus em cumprir sua Palavra.
O fato de que Deus manda os ímpios para o inferno mostra que ele é fiel e
justo. Se Deus não aplicasse os termos que ele mesmo estabeleceu, não cumpriria
sua Palavra e seria infiel. Se Deus não enviasse os ímpios para o inferno, ele
não manteria seu próprio padrão de justiça e não seria justo. Se Deus não
punisse os rebeldes no inferno, os justos não seriam vindicados. De fato, se
não houvesse realmente inferno, poderíamos concluir que os justos estavam
errados por terem confiado em Deus.
No entanto, o inferno existe e os justos são sábios
por confiar em Deus. O inferno mostra a glória da justiça de Deus. O inferno
vindica aqueles que obedecem aos termos de Deus, ainda que sofram terrivelmente
por fazerem isso. O inferno vindica os justos que foram perseguidos pelos
ímpios. O inferno glorifica a Deus.
Você não concorda com isso? Pode muito bem se unir
a Shere Khan em opor-se a Rudyard Kipling. Ou, de novo, poder ter tanta chance
de mudar o enredo, o ponto de vista ou a definição dos personagens, quanto
Sauron teve de mudar a mente de Tokien. Isso não acontecerá. Você é uma
criatura na obra de arte do Criador. Aceite o fato. Ele é o Criador, não você.
Quanto deveríamos levar a sério aqueles que se opõem ao inferno ou tentam
reescrever a história para que o inferno não seja parte dela? Com tanta
seriedade quanto tomamos Hamlet criticando a obra de Shakespeare. Hamlet não
teve existência independente. Ele só poderia criticar Shakespeare se o autor
decidisse escrever essa cena.
Deus criou um universo em que a sua misericórdia
tem significado precisamente porque não anula a sua justiça. Para ser justo e
demonstrar misericórdia, Deus tem que cumprir sua promessa de punir a
transgressão. Na apresentação bíblica da verdadeira história do mundo, Deus
mantém a justiça na cruz e no inferno. Jesus morreu na cruz para estabelecer a
justiça de Deus e garantir que os que se arrependem do pecado e creem em Cristo
recebam misericórdia que é também justa. Deus pune os ímpios no inferno para
manter a justiça contra todos os que se recusam a arrepender-se do pecado e dar
graças a ele.
Em resumo, o inferno glorifica a Deus porque:
· Mostra que Deus cumpre sua palavra;
· Mostra a infinita dignidade de Deus, a qual dura
para sempre;
· Demonstra o poder de Deus em subjugar todos os
que se rebelam contra ele;
· Mostra quão indizivelmente misericordioso ele é
para com aqueles que confiam nele;
· Confirma a realidade do amor por trazer justiça
contra aqueles que rejeitam a Deus, que é amor;
· Vindica todos os que sofreram por ouvir ou
proclamar a verdade da Palavra de Deus;
· E mostra a enormidade do que Jesus realizou
quando morreu para salvar, do inferno que mereciam, todos os que creriam nele.
Se não houvesse o inferno, não haveria a necessidade da cruz.
Fonte: http://www.ministeriofiel.com.br
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